Por muito tempo este assunto foi alvo de muitas polêmicas. A Vitamina D protege contra o câncer? Se níveis ótimos ou elevados de vitamina D protegem mesmo as pessoas contra o câncer.
O primeiro estudo sobre este tema foi publicado há 40 anos atrás. Neste artigo, os autores defendiam que a vitamina D em altas doses poderia contribuir para diminuir as chances das pessoas terem câncer de colon. Esta conclusão foi após estes pesquisadores perceberem que as taxas de óbitos por câncer de intestino grosso eram maiores em áreas menos expostas à luz natural. Portanto, grandes cidades ou áreas rurais de grande altitude.
Mas parece que tudo pode mudar. Um recente estudo, publicado em 2020 erealizado pelo Professor Carsten Carlberg da University of Eastern Finland e pelo Professor Alberto Muñoz da Autonomous University de Madrid, conseguiu esclarecer muitas coisas. O estudo encontra-se publicado na importante revista Seminars in Cancer Biology.
Como se sabe, o câncer é o resultado de uma divisão anômala, ou defeituosa de uma ou mais células do nosso corpo. Desta forma, acontece uma interrupção desta morte celular programada. Certamente, este mal funcionamento é também devido a alterações no material genético destas células. São as mutações genéticas.
Aproximadamente 18 milhões de pessoas tem o diagnóstico de câncer ao ano. Sendo que, em torno de 10 milhões acabam morrendo devido à doença. Além da perda de tantas vidas, o custo mundial do tratamento destas pessoas é de grande impacto econômico e social.
Neste contexto, a vitamina D3 (colecalciferol) vem ganhando cada dia mais atenção. Além de ser um composto natural, é bastante acessível. Além do mais, a ingestão oral reduz a dependência do sol na conversão de todas demais substâncias em vitamina D. Como se sabe, o sol em excesso pode causar câncer de pele.
Em contrapartida, muitas pessoas tem uma ingestão deficiente não apenas de vitamina D, mas também de outras vitaminas. Alguns alimentos industrializados tem enriquecimento com vitamina D2, mas entretanto poucos vem com suplementação de vitamina D3.
Por outro lado, muitos trabalhos experimentais “in vitro” mostraram a diminuição do crescimento tumoral de algumas neoplasias na presença de vitamina D3. São exemplos o câncer de próstata, melanoma, leucemia e linfomas.
Sendo assim, muitos estudos em humanos começaram a ser feitos, sendo que alguns com resultados consistentes e outros nem tanto.
Porém, neste estudo em questão os autores realizaram uma revisão sistemática. Este é um termo estatístico que define uma revisão de alta confiabilidade. Para tal, é feita com estudos prévios de alto impacto, e também com níveis altos de confiança.
De acordo com estes resultados, os autores concluíram que a vitamina D tem sim benefício em previnir o aparecimento de câncer de cólon e também tumores hematológicos, como leucemias e linfomas.
A causa principal disto, seria que a vitamina D é uma importante substância para a formação de células sanguíneas bem como de células-tronco adultas de tecidos que se regeneram bastante, como o intestino grosso e a pele.
Sendo assim, um nível de vitamina D muito baixo consequentemente impede a total diferenciação destas células, tornando-as assim anômalas ou cancerígenas. Neste cenário, estas células cancerígenas se multiplicariam de forma descontrolada.
Mesmo em outros tipos de câncer, como o câncer de próstata ou de mama, geralmente é há um baixo nível de vitamina D, usando como parâmetro o 25-hidroxivitamina D do sangue. Além de tudo, nestes pacientes com baixo índice de 25-hidroxivitamina D há uma incidência maior de câncer e também um pior prognóstico.
Contudo, uma maior suplementação de vitamina D não apresentou benefícios consistentes para diminuir a mortalidade por câncer. Estes estudos são ensaios clínicos e randomizados, de alta confiabilidade.
Segundo os autores do estudo de revisão sistemática, o impacto da vitamia D poderia ter um resultado mais fidedigno. Para eles, se os participantes dos estudos passados tivessem sido selecionados de acordo com a resposta individual aos efeitos da vitamina D, o resultado poderia ser bem diferente. Além desta resposta aos efeitos da vitamina D, os resultados poderiam ser em relação ao valor de vitamina D no sangue de cada participante.
Por outro lado, o grupo do professor Carlberg percebem em estudo anterior que alguns indivíduos tem resposta molecular ou até sensibilidade à esta suplementação com a vitamina D. Na Finlândia por exemplo, 25% da população tem baixa resposta e assim, estas pessoas precisam de um nível mais alto de vitamina D para atingir o benefício clínico completo. Em termos de proteção contra o câncer, seria esperado que uma pessoa que tenha boa resposta à suplementação tenha consequentemente uma maior proteção contra neoplasias malignas.
A conclusão deste robusto estudo, feito com dados estatísticos confiáveis é clara: de acordo com esta revisão sistemática um nível adequado de vitamina D em nosso corpo tem efeito protetor em um grande número de tumores malignos.
Porém, as evidências de sua utilidade no tratamento do câncer são pequenas. Sendo assim, não deve ser uma recomendação expressa. Por outro lado, pessoas que tiverem alguns tipos de câncer tem sim possibilidade maior que a população normal de desenvolverem outros tumores malignos. Um exemplo clássico pacientes portadores de câncer de garganta desenvolverem por exemplo, um segundo câncer no esôfago por exemplo. Outra situação são mulheres com câncer de mama terem um segundo tumor no ovário.
Desta forma, pacientes que já foram vítimas de algum tipo de câncer podem sim escolher o uso de suplementação com vitamina D,
Porém, uma vida saudável, com exposição adequada ao sol, alimentação rica em frutas e verduras são essenciais. Sim, a suplementação com vitamina D pode sim ser uma alternativa. Mas para sua segurança, sempre com supervisão médica.
O tratamento de câncer e sem dúvida alguma complexo e doloroso. Preferencialmente deve ser feito em uma instituição de referência nestes tratamentos e também com profissionais competentes. Porém, uma segunda opinião médica em oncologia com profissionais experientes pode sim ser um ótima opção.
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Autor Médico: Cleuber Barbosa de Oliveira – CRM 36865-MG | RQE Nº: 23713 Cancerologia / Cancerologia Cirúrgica | RQE Nº: 23712 – Cirurgia Geral
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