Úraco – Neoplasia Malígna
Câncer de úraco é um daqueles tumores malignos raros. O câncer de úraco é um destes. Sendo assim, é importante saber o máximo possível sobre esta agressiva neoplasia malígna.
O que é câncer de úraco?
O úraco é uma estrutura de origem embrionária, em forma de canal, que liga a bexiga à região umbilical. O úraco é então, responsável por auxiliar na excreção de escórias nitrogenadas do feto. Aproximadamente por volta do quarto ou quinto mês de vida intrauterina o úraco se estreita progressivamente. Assim, após o nascimento dá origem ao que, no adulto, chama-se ligamento umbilical mediano. Esta estrutura faz conexão com o umbigo.
Consequentemente, quando ocorre falha no fechamento desse canal, diz-se que o indivíduo possui úraco patente. Portanto, este canal aberto pode originar tanto patologias benignas quanto malignas. O Câncer de úraco é portanto uma doença maligna rara, sobre a qual somente nas ultimas décadas começaram a surgir estudos com maior grau de evidência científica. Sem dúvida, este tipo de câncer tem maior incidência em homens do que em mulheres. Sendo assim, este câncer predomina na quinta década de vida.
Sintomas do câncer de úraco
O adenocarcinoma do úraco é uma doença de evolução silenciosa. Como resultado, o diagnóstico deste tumor costuma acontecer principalmente nas fases tardias. Sendo assim, o câncer de úraco surge em uma região próxima ao umbigo.
O câncer de úraco surge então próximo ao ápice da bexiga. Esta é uma localização extra peritoneal, ou seja, atrás do peritônio. Por surgir recoberto por esta membrana os sintomas são tardios. A hematúria é o sinal mais comum. Como resultado, a presença de sangue na urina acontece durante o ato de urinar ou ainda em um exame de urina de rotina.
Da mesma forma são comuns manifestações de infeção bacteriana e também de mucinúria, ou seja, o muco na urina. Dor ao urinar e aumento do número de vezes também da mesma forma muito frequentes.
Sendo assim, o paciente pode relatar além de sintomas como dor ao urinar, aumento da frequência urinária, também a percepção de massa ou desconforto abdominal. Assim, alguns pacientes podem se queixar de drenagem de secreções pelo umbigo (sangue, urina, muco ou pus).
Da mesma forma, outras pessoas descobrem a doença ao investigar a origem de metástases linfonodares, pulmonares, hepáticas ou ósseas. A doença infelizmente apresenta-se metastática em um grande número de doentes. Devido a esta agressividade e raridade, consensos médicos para o tratamento de câncer de úraco estão sendo criados.
Tipos e variantes histológicas
Sem dúvida, o úraco pode dar origem a neoplasias malignas de origem epitelial ou mesenquimal. O tipo histológico mais comum de câncer de úraco é o adenocarcinoma.
Todavia, o câncer de úraco possui como subtipos o adenocarcinoma mucinoso, adenocarcinoma com células em anel de sinete e o adenocarcinoma sem outras especificações.
Contudo, carcinomas de células escamosas, carcinoma urotelial e sarcomas são tipos histológicos de menor frequência.
Causa do aparecimento do câncer de úraco
Atualmente, os principais fatores de risco para esse o aparecimento deste tipo de câncer são:
- Persistência do úraco na vida adulta.
- Descarga de secreção pelo umbigo
- Massa palpável ou visível em exame de imagem em região supravesical
Diagnóstico do câncer de úraco
Antes de mais nada, a avaliação por um profissional médico devidamente capacitado é primordial no diagnóstico do câncer de úraco. De antemão, e exame físico são fundamentais para que o diagnóstico seja feito em tempo hábil. De acordo com a avaliação inicial, o médico poderá escolher quais exames complementares irá selecionar para confirmar o diagnóstico.
Então, exitem alguns exames de imagem que são de grande auxílio. Entre eles, a Tomografia computadorizada eressonância nuclear magnética e, em casos selecionados. A combinação de tomografia de emissão de pósitrons com a tomografia computadorizada (PET-CT) com dados clínicos do paciente e exames de imagens prévios são igualmente importantes.
Embora grande parte dos remanescentes uracais não contenha neoplasia, uma vez identificadas, todas as massas originárias do úraco devem ser removidas e submetidas à análise anatomopatológica.
A cistoscopia é um dos exames mais importantes no diagnóstico de câncer de úraco. Na maioria das vezes o tumor que já invadiu a bexiga pode ser encontrado no teto da bexiga e na parede anterior, podendo ser biopsiado durante o procedimento.Com o diagnóstico correto, o planejamento terapêutico será realizado.
Alguns marcadores sorológicos têm se mostrado úteis no diagnóstico e monitoramento do câncer de úraco. Devido à similaridade histológica com o adenocarcinoma de cólon, a dosagem de CEA, CA19.9 e CA-125 podem ser úteis.
Do mesmo modo, o exame de urina e a citologia urinária podem contribuir apenas nos casos em que o câncer de úraco já invadiu a bexiga e cavidade intravesical. Porém, a citologia da urina costuma ter baixa positividade.
Estadiamento da neoplasia do úraco
Devido à raridade dessa neoplasia ainda não existe nenhum sistema de estadiamento validado. Os mais amplamente utilizados são os de Sheldon, Mayo e TNM modificado.
Sistema de estadiamento de Sheldon
Um dos esquemas de estadiamento é o de Sheldon, que leva em conta principalmente o envolvimento do órgão, estruturas locais, linfonodos e metástases à distância
ESTÁDIO | DESCRIÇÃO |
I | Câncer restrito a mucosa uracal |
II | Invasão restrita ao úraco |
III | A – Extensão local para a bexigaB – Extensão local para a parede abdominalC – Extensão local para o peritônioD – Extensão para outra víscera que não seja a bexiga |
IV | A – Metástase linfonoda lB – Metástase a distância |
Sistema de estadiamento de Mayo
Assim como o sistema de Sheldon, o estadiamento de Mayo para o câncer de úraco é de certa forma mais simples. Este estadiamento leva também em conta o local do, o acomentimento de estruturas contíguas e também linfonodos regionais e metástases à distância.
ESTÁDIO | DESCRIÇÃO |
I | Tumor confinado ao úraco. |
II | Tumor com extensão além da camada muscular do úraco e/bexiga. |
III | Comprometimento de linfonodos regionais. |
IV | Tumor infiltrando linfonodos não regionais ou metástase à distância. |
Sistema TNM adaptado pela clínica Mayo
O estadiamento TNM é usado de forma padronizada no mundo inteiro. Assim como os demais leva em conta penetração pelas camadas dos órgãoes e envolvimento de estruturas contíguas. Porém, este sistema de estadiamento do câncer de úraco, adaptado pela Mayo Clinic é mais completo e detalhado, e assim mais usado.
T | Tis – Carcinoma in situ. Tumor localizado na mucosa uracal sem invasão da membrana basal.T1 – Tumor invade a membrana basal da mucosa uracal.T2a – Tumor invade a camada muscular do úraco.T2b – Tumor invade a camada muscular da bexiga.T3 – Tumores uracais extravesicais (ex: gordura perivesical, parede abdominal, órgãos adjacentes) |
N | NX – Linfonodos não estudadosN0 – Sem metástase linfonodalN1 –Apenas uma metástase linfonodal na pelve verdadeira (hipogástrico, obturador, ilíaco externo ou pré-sacral)N2 – Metástases linfonodais múltiplas na pelve verdadeiraN3 – Metástase para a cadeia linfonodal ilíaca comum |
M | M0 – Sem metástase à distânciaM1 – Metástase à distância |
Tratamento do câncer de úraco
Sem dúvida, a cirurgia é a modalidade de tratamento para o câncer de úraco localizado. Revisões de literatura médica tem apontado caminhos para o tratamento desta agressiva doença. Certamente a cirurgia de exérese da cicatriz umbilical e do úraco patente, deve ser associada à cistectomia parcial ou radical.
A retirada de parte da bexiga ou ainda de todo o órgão pode ser necessária. Não é comum o cirurgião encontrar doença mais avançada do que são apresentados em exames prévios.
Contudo, se houve o encontro de margens cirúrgicas comprometidas no exame anatomopatológico, isto indica que o tumor não foi totalmente ressecado. Consequentemente, isto pode exigir a realização de novo procedimento cirúrgico com ampliação das áreas de ressecção. A sobrevida e chances de cura dos pacientes com câncer de úraco estão relacionadas sobretudo se o paciente é realmente um candidato a este tipo de procedimento.
Radioterapia
Os tumores de úraco possuem baixa resposta à radioterapia. Por esse motivo, a radioterapia é pouco utilizada. No entanto, pode ser empregada com finalidades paliativas em caso de doença localmente avançada.
Quimioterapia
Antes de mais nada, uma premissa precisa estar clara: a quimioterapia neoadjuvante não é recomendada no tratamento do câncer de úraco. Estudos mostraram que fazer quimioterapia antes da cirurgia não trás benefícios em chances de cura e sobrevida.
Embora não exista consenso ou evidências científicas de alta qualidade, o suficiente para embasar um ou outro determinado esquema de quimioterapia adjuvante, o esquema FOLFOX pode ser recomendado para pacientes com o tipo histológico adenocarcinoma.
Da mesma forma, o tipo celular da doença ou imunohistopatologia, pode sim auxiliar especialistas a determinarem esquemas quimioterápicos específicos.
De modo geral, recomenda-se que esse tipo de terapia seja debatido por uma junta médica, com oncologistas especialistas, antes de ser implementado.
Terapia alvo contra o câncer de úraco
Antes que existam ainda dúvidas sobre as terapias alvo no tratamento do câncer de úraco, uma delas tem especial enfoque. Os inibidores do fator de crescimento de epitélio (EGRF) têm sido estudados como possíveis candidatos a utilização na terapia alvo-direcionada do câncer de úraco. Contudo, os estudos relacionados a esses agentes terapêuticos ainda são considerados experimentais. Sendo assim, ainda não há até o momento nenhum tratamento com terapia alvo no câncer de úraco
Como foi dito, o câncer de úraco é silencioso e agressivo. O tratamento é igualmente complexo. Apesar da importância de pesquisar sobre o assunto, nada substitui a consulta com um especialista médico capacitado. Um oncologista experiente que poderá analisar todos os detalhes para uma opinião de tratamento profissional e adequada. Alguns websites confiáveis também podem fornecer informações úteis como o Instituto Nacional do Câncer do Brasil , Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos e o Câncer como Ciência .
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Autor Médico: Cleuber Barbosa de Oliveira – CRM 36865-MG | RQE Nº: 23713 Cancerologia / Cancerologia Cirúrgica | RQE Nº: 23712 – Cirurgia Geral
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